A atividade foi desenvolvida em conjunto com a OSC parceira, Associação Camará Capoeira, e com a OSC Parceira, Caianas – a qual realizou a mobilização local prévia e a recepção da equipe e com a Associação dos moradores da Aldeia Cachoeirinha, a qual cedeu o espaço do Centro Comunitário da Aldeia Cachoeirinha para a realização da atividade. As ações tiveram início com um processo estruturado de Escuta Ativa e Diálogo com a comunidade, direcionado à análise da realidade sociocultural local, à identificação de dinâmicas organizacionais internas e à avaliação do potencial para o desenvolvimento e implementação de projetos culturais alinhados às demandas e especificidades do território. Após o diálogo voltado para a Escuta Ativa, foi iniciado uma manifestação espiritual conduzida pelo Xamã Alípio Vieira, que, por meio de cantos e rezas tradicionais, reforçou os elementos fundantes da espiritualidade Terena, destacando a centralidade da dimensão ritualística como expressão de pertencimento e resistência cultural, promovendo a preservação das práticas ancestrais e sua transmissão intergeracional.

Com vistas na promoção da integração, participação e articulação dos diferentes agentes culturais indígenas, após a manifestação do Xamã Alípio Vieira, os mediadores da atividade/representantes do Comitê de Cultura MS iniciaram um Diálogos sobre a Nova Política Pública da Cultura, Programas Ministério da Cultura, apresentação do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC) e do Comitê de Cultura de Mato Grosso do Sul, além de outros assuntos de temáticas relacionadas, a fim de criar um espaço de colaboração, cooperação e troca de experiências sobre políticas culturais e temas transversais, na tentativa de integrar as diretrizes das políticas públicas culturais à realidade local, e fortalecer as redes de articulação comunitária. Por meio de uma abordagem transdisciplinar, a atividade também se propôs a valorizar as identidades culturais, utilizando manifestações artísticas como ferramentas de preservação e promoção da diversidade cultural e do protagonismo social. 

A atividade também contemplou uma visita técnica, conduzida pelo Assessor Tecnico da Caianás, Arildo Cebalio, ao Núcleo de Agrofloresta, uma unidade experimental do Sistema Agroflorestal Biodiverso (SAF), construído com o apoio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul). O projeto tem como objetivo a implementação de sistemas produtivos sustentáveis, baseados na diversidade vegetal e na interação entre espécies medicinais, frutíferas e alimentícias, garantindo a viabilidade ecológica e econômica da iniciativa. O projeto é coordenado pelos pesquisadores Tércio Fehlauer (Doutor em Desenvolvimento Rural e Pesquisador do Cepaer – Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer), Camila Pellizzoni (Mestre em Agroecossistemas e Pesquisadora do Cepaer), Jovelina Oliveira (Zootecnista) e Francimar Perez (Engenheira Agrônoma da Agraer), em colaboração com a organização Caianas. Durante a visita, foram apresentados os métodos de implementação do sistema agroflorestal, as potencialidades da produção agroecológica e os impactos positivos da iniciativa para a segurança alimentar e a autonomia econômica da comunidade indígena. Também foi promovido um diálogo institucional com os representantes da Caianas, pautando a atuação da Caianas em determinadas regiões prioritárias , a articulação de projetos culturais sustentáveis e a atuação da organização no Comitê de Cultura de Mato Grosso do Sul, visando ampliar a cooperação interinstitucional e fortalecer iniciativas de impacto sociocultural no território indígena.

Para garantir a documentação e a valorização da memória coletiva da atividade, foram contratados dois fotógrafos indígenas, sendo um pertencente à Aldeia Cachoeirinha e outro à Aldeia Limão Verde. O registro audiovisual da ação contemplou a utilização de drones para captação de imagens aéreas, permitindo uma documentação ampla da dinâmica do evento.

Assim, a atividade visou incentivar o acesso a informações sobre a Política Cultural, além de apresentar as perspectivas de novos editais voltados às comunidades indígenas, por meio do Ministério da Cultura e de outros, como Ministério dos Povos Indígenas, Ministério das Mulheres etc. Como um dos principais encaminhamentos, ficou acordada a realização de um circuito de oficinas na Aldeia Cachoeirinha, com data e temas a serem definidos a partir da disponibilização de um catálogo de possibilidades, permitindo que a própria comunidade escolha as formações mais relevantes, abrangendo desde oficinas de elaboração de projetos culturais, construção de portfólios artísticos, rádio comunitária, etc, de acordo com o Plano de Trabalho.