Agroecol – Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul – Oficina: Mulheres Indígenas, Quilombolas e Camponesas – Conectando Saberes, Experiências e Resistências
- Tipo da Atividade: Mobilização
- Data: 06/12/2024
- Participantes: 11
- Parceiros: Ministério da Cultura (MinC), Escritório do Ministério da Cultura no Mato Grosso do Sul, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Fórum Estadual de Cultura de Mato Grosso do Sul (FESC), Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (SETESC), Organização Caianas – Coletivo Ambientalista Indígena de Ação para Natureza, Agroecologia e Sustentabilidade, Grupo Camará Capoeira – Associação Cultural e Esportiva de Apoio a Capoeira, Grupo TEZ – Grupo de Estudos e Trabalho Zumbi. Associação Brasileira de Agroecologia – ABA, Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul – APOMS, Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – AGRAER, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, Ministério da Cultura – MINC, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar – MDA, Uversidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS
- Local: UFMS – Cidade Universitária – Av. Costa e Silva, S/N – Pioneiros, MS,
O AGROECOL – Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul é um evento realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Conta com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de MS (SEMADESC/MS), Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Ministério dos Povos Indígenas, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de MS (FUNDECT/MS) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), além de ser promovido pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e pela Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (FAPEC). O Seminário é um dos principais eventos regionais voltados à promoção e discussão da agroecologia, realizado desde 2002, com um histórico de edições que reúnem agricultores, pesquisadores, movimentos sociais, educadores e gestores públicos.
Assim, a edição de 2024 do Agroecol destacou-se pela inclusão de ações intersetoriais, envolvendo o fortalecimento das dimensões culturais, sociais e ambientais do evento. Um dos parceiros institucionais da Agroecol foi o Comitê de Cultura de Mato Grosso do Sul, que desempenhou papel estratégico na organização/operacionalização de determinadas atividades culturais do seminário. O Comitê contribuiu diretamente com a infraestrutura logística do evento, ao se responsabilizar pela gestão e acompanhamento da estrutura de som de determinadas atividades culturais, sendo supervisionada tecnicamente por Anderson Carlos de Lima, presidente da organização Flor Espinho, garantindo qualidade operacional para todas as atividades realizadas.
Oficina: Mulheres Indígenas, Quilombolas e Camponesas – Conectando Saberes, Experiências e Resistências
Data: 6 de dezembro de 2024
Horário: 08h00 às 11h00
Local: UFMS
Ministrante: Priscila Anzoategui – Assessoria de Projetos e Parcerias
Suporte/Auxiliar: Maíra Espíndola – Técnica de Comunicação
Participantes: 11
Metas Atingidas – Oficina: 1.4 (B17 – Ação Tamanho P)
A oficina Mulheres Indígenas, Quilombolas e Camponesas – Conectando Saberes, Experiências e Resistências, promovida pelo Comitê de Cultura do Mato Grosso do Sul durante a AGROECOL, teve como objetivo central fomentar o diálogo interseccional entre mulheres indígenas, quilombolas e camponesas, e buscou articular suas histórias de vida, práticas culturais e enfrentamentos políticos, promovendo a escuta ativa e o compartilhamento de saberes tradicionais e contemporâneos. Partindo de uma abordagem antropológica e cultural, a oficina visou compreender os modos de organização dessas mulheres nos espaços domésticos, comunitários e políticos, destacando os desafios relacionados às violências de gênero e às intersecções de raça, etnia e classe que estruturam suas vivências.
A atividade foi coordenada pela antropóloga e produtora cultural Priscila Anzoategui, com suporte da comunicadora Maíra Espíndola, e teve como objetivo construir uma plataforma dialógica que permitisse a escuta ativa e a troca de experiências entre mulheres de diferentes contextos socioculturais. Desenvolvida em três etapas principais, cada uma delineada para maximizar a interação e a integração das participantes, inicialmente, contou com a apresentação institucional do Comitê de Cultura de Mato Grosso do Sul, enfatizando a importância das ações culturais como mecanismos de fortalecimento das identidades comunitárias e de promoção de direitos. Foram abordadas as interseções entre cultura e agroecologia, ressaltando o papel das mulheres como guardiãs dos saberes tradicionais e agentes de transformação social. A segunda etapa, intitulada “Troca de Saberes e Histórias de Vida”, utilizou a metodologia de roda de conversa, uma ferramenta pedagógica fundamentada na educação popular e na pedagogia freireana, a fim de promover um ambiente horizontal e inclusivo, onde as participantes, abrangendo etnias como Kaiowá, Terena e Kinikinau, além de mulheres assentadas e quilombolas, puderam relatar suas trajetórias e desafios enfrentados em seus respectivos territórios. Entre os relatos, se destacaram as experiências com o programa “Quintais Produtivos”, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, destacando a autonomia conquistada por meio da produção de temperos caseiros, o que demonstrou o fortalecimento da autonomia produtiva feminina por meio da agricultura familiar e da produção artesanal. No decorrer da roda de conversa, emergiram narrativas sobre a violência institucional e de gênero, revelando a persistência de práticas discriminatórias e a falta de acessibilidade a mecanismos de proteção: Mulheres indígenas relataram casos de violência policial na Reserva Indígena de Dourados, evidenciando a vulnerabilidade frente às forças de segurança pública. Além disso, foram discutidos os desafios enfrentados nas aldeias, onde a figura da liderança masculina, muitas vezes, inviabiliza a denúncia de agressões, perpetuando um ciclo de impunidade e silenciamento. A terceira e última etapa focou-se nas Políticas Públicas Culturais, onde as participantes receberam orientações sobre editais estaduais e programas de incentivo à cultura, especialmente sobre os editais de Prêmios para Agentes/Coletivos Culturais indígenas e quilombolas, e Mestres dos Saberes Populares (Editais N. 10 e N. 11), promovidos pelo Governo do Estado de MS:
– Edital de Chamamento Público Nº 10/2024 – Premiação Cultural a Agentes, Grupos, Coletivos e Organizações Indígena e Quilombolas de Mato Grosso do Sul | Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul – Premiação para Agentes Culturais com Recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura – PNAB (Lei Nº 14.399/2022)
– Edital de Seleção Pública Nº 11/2024 – Prêmio Mestres dos Saberes da Cultura Popular Tradicional de Mato Grosso do Sul |Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul – Premiação para Mestres dos Saberes da Cultura Popular Tradicional de Mato Grosso Do Sul Com Recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura – PNAB (Lei Nº 14.399/2022)
Adicionalmente, foi apresentado o projeto “Propulsão Cultural”, uma metodologia que visa capacitar artistas e agentes culturais na elaboração de projetos culturais por meio de formações e assessorias técnicas, a fim de promover a profissionalização e a autonomia dos participantes na estruturação de propostas culturais, e, mais amplamente, a disseminação de ações culturais e o fortalecimento das redes comunitárias, ampliando o acesso das mulheres às políticas públicas e aos recursos de financiamento.
Assim, conclui-se que a oficina cumpriu seu papel ao criar um espaço de acolhimento e de fortalecimento das identidades coletivas, permitindo que as mulheres expressassem suas resistências e articulações políticas frente às adversidades estruturais. Ao integrar metodologias participativas e um enfoque decolonial, a atividade possibilitou a visibilidade das lutas femininas em territórios marcados pela exclusão socioeconômica e pela violência sistêmica. Contribuiu, assim, para a construção de uma rede de solidariedade e para o empoderamento das participantes, fortalecendo suas capacidades de agência e resiliência. Portanto, a oficina se configurou como um importante instrumento para se pensar e se propor a promoção de justiça social, equidade de gênero e reconhecimento dos direitos culturais das mulheres indígenas, quilombolas e camponesas, alinhando-se aos princípios da agroecologia e da sustentabilidade comunitária. A lista de presença consta em anexo.
