No dia 3 de outubro de 2024, às 19h, foi realizada um encontro de Mobilização e Fortalecimento de Redes, por meio de uma Escuta Pública promovida pelo Comitê de Cultura de Mato Grosso do Sul (MS), com o objetivo de fomentar a mobilização de agentes culturais que se identificam ou se afirmam como LGBTQIAPN+. O encontro ocorreu no espaço cultural “Ponto Bar”, que, além de ser o local de realização do evento, é caracterizado como um espaço de resistência e representatividade da comunidade LGBTQIAPN+ em Campo Grande, e teve como foco identificar lacunas, desafios e potencialidades do setor cultural vinculado à diversidade. A atividade buscou, ainda, fortalecer o acesso a editais, financiamentos e ferramentas de capacitação.
A abertura foi conduzida pelo presidente da organização “Flor e Espinho”, OSC celebrate do Comitê de Cultura, Anderson Lima, que revisitou os objetivos, atividades e parcerias do Comitê de Cultura de MS, com destaque para sua articulação com o Ministério da Cultura. Durante sua fala, Anderson realizou a apresentação da Nova Política de Cultura, Programas do MinC e do Programa Nacional dos Comitês de Cultura, reforçando a importância de sua capilaridade estadual e de um modelo participativo. A coordenadora Rayanne Jarcem realizou uma explanação sobre o conceito de cultura, as definições de agentes culturais e a relevância da capacitação para o acesso a editais e políticas públicas, destacando como o conhecimento “empodera” grupos sociais historicamente marginalizados, promovendo igualdade de oportunidades no campo cultural. O advogado Nicholas Silva abordou questões jurídicas e práticas relacionadas a editais, incluindo a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), fornecendo informações sobre os recursos disponíveis para MS, detalhando estratégias para submissão de propostas culturais, desenvolvimento de portfólios e estruturação de projetos.
A metodologia adotada baseou-se em uma abordagem participativa, contemplando três eixos principais: (1) Diálogo e escuta ativa, permitindo a coleta de informações diretas sobre as dificuldades estruturais do setor cultural LGBTQIAPN+; (2) Orientação técnica, abordando aspectos jurídicos e práticos de editais e fomentos culturais, com foco na Política Nacional Aldir Blanc e outras políticas federais; e (3) Programação artística, valorizando performances de Ballroom e Drag como expressões culturais essenciais para a representatividade e resistência da comunidade LGBTQIAPN+.

Escuta Pública

Durante essa etapa, os participantes, compostos por artistas, coletivos, comunidades e representantes de diversas manifestações culturais, tiveram a oportunidade de apresentar suas vivências e propor questões relacionadas às dificuldades de acesso a editais, financiamentos e políticas públicas. A dinâmica foi conduzida de forma a estimular o diálogo aberto, permitindo que vozes de diferentes segmentos culturais fossem ouvidas. Demandas específicas foram levantadas, como a necessidade de capacitação técnica para redação de projetos, elaboração de portfólios, mecanismos de recurso em casos de discriminação nas avaliações de propostas culturais e orientações para a criação de festivais e produções cinematográficas. Além disso, emergiram reflexões sobre a segmentação das manifestações culturais LGBTQIAPN+, como Ballroom e Performances Drag, destacando a importância de ações direcionadas a cada expressão artística. Sendo as demandas identificadas:

– Técnicas para elaboração de projetos culturais direcionados a editais;
– Desenvolvimento de portfólios assertivos;
– Mecanismos de recurso em casos de homofobia em processos avaliativos de projetos culturais LGBTQIAPN+;
– Orientações para produção de filmes e organização de festivais cinematográficos;
– Necessidade de segmentação das manifestações culturais LGBTQIAPN+, como Ballroom, Vogue, Drags e apresentações artísticas.

Esse momento não serviu apenas para mapear as dificuldades estruturais do setor, mas também funcionou como um exercício de articulação coletiva. A partir das informações coletadas, o Comitê de Cultura comprometeu-se a elaborar estratégias que viabilizem o acesso igualitário a recursos e o fortalecimento das expressões culturais LGBTQIAPN+ no estado. Com base nas demandas levantadas, o Comitê de Cultura de MS compromete-se a:

– Desenvolver programas de formação voltados à capacitação técnica de agentes culturais LGBTQIAPN+;
– Estruturar ferramentas para facilitar o acesso à informação e aos editais culturais;
– Estabelecer novas linhas de articulação para o fortalecimento de manifestações culturais segmentadas.
A programação cultural foi um destaque do evento, reunindo artistas e coletivos que reforçaram a identidade, a resistência e a representatividade LGBTQIAPN+ no cenário cultural de Mato Grosso do Sul. A partir das demandas levantadas, o Comitê de Cultura de MS se comprometeu a desenvolver programas de formação técnica, criar ferramentas de acesso à informação sobre editais e estabelecer articulações para o fortalecimento de manifestações culturais segmentadas. Os próximos passos incluem a implementação de formações específicas para agentes culturais LGBTQIAPN+, a ampliação das ações de mobilização para outras cidades prioritárias e o fortalecimento das parcerias institucionais para garantir maior equidade no acesso às políticas culturais.
Programação Cultural do evento descrita detalhadamente na Meta 1.5.