Setembro chegou, tempo de floração do Ipê do Cerrado, tempo de realimentar as esperanças e fortalecer nossas resistências. É nesse contexto que mais uma ação fundamental para o enfrentamento da crise climática foi realizada: a coleta de sementes nativas na Terra Indígena (TI) Cachoeirinha, uma iniciativa anual promovida pela Organização CAIANAS.
No último dia 14 de setembro, o Centro de Formação Caianas, na TI Cachoeirinha, em Miranda/MS, recebeu 25 participantes entre crianças, jovens, adultos e anciãos – homens e mulheres –, para a tradicional coleta de sementes de plantas nativas do Cerrado. A atividade contou com a participação da juventude Terena engajada na iniciativa dos Guardiões e Guardiãs do Clima, além de quatro acadêmicas do curso de Gestão Ambiental da Universidade Federal da Grande Dourados.
O Instituto Alok se somou este ano à Organização Caianas para fortalecer essas ações de enfrentamento às emergências climáticas, promovendo iniciativas que aliam saberes ancestrais à restauração ecológica. Durante a caminhada, guiada pelo ex-coordenador da Caianas, Arildo Cebálio, e pelo assessor técnico, Neiriel Terena, o grupo percorreu por cerca de uma hora e meia uma área de Cerrado aberto relativamente conservado ao redor do Centro de Formação. No trajeto, foram identificadas diversas espécies e seus respectivos valores artesanais, medicinais, de subsistência e comerciais. Além disso, os participantes destacaram como a vegetação se recuperou nos últimos 20 anos desde a retomada da área em 2005.
Ao final do percurso, os participantes retornaram ao Centro de Formação, onde separaram e ensacaram sementes de 12 espécies nativas do Cerrado, incluindo jatobá, louro, timbó, São João, vinhático, capitão, ximbuva, angico vermelho, barreiro, carvão vermelho, pau-terra e bocaiúva (palmeira). Essa prática contínua da Organização Caianas não apenas contribui para a conservação da flora local, mas também fortalece processos formativos de transmissão de conhecimentos tradicionais, produção de mudas para restauração de áreas degradadas e revitalização de nascentes.
Neiriel destacou a importância da ação: “Iniciativas como essa reafirmam o protagonismo dos povos indígenas na proteção do Cerrado e na busca por soluções para a crise climática. São essas práticas, aliadas à sabedoria ancestral, que garantem um futuro sustentável para as próximas gerações”.
A atividade foi realizada com apoio do Instituto Alok, no âmbito do Prêmio Equatorial-PNUD 2024, e integra o processo de formação dos jovens Guardiões e Guardiãs do Clima do povo Terena. O evento reforça a relevância da restauração ecológica e do fortalecimento das comunidades indígenas no enfrentamento dos desafios ambientais contemporâneos.